sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Prova de Redação

Escola Estadual Anísio Teixeira.        Ubaíra – Ba           Data:___/___/___   Série:_______      I Unidade
Alunos:_____________________________________________________Professor: Marcos     Valor: 5,0    
             ____________________________________________________

Avaliação de Redação

O preconceito linguístico é decorrência de um preconceito social.

TEXTO 01:
Quando a linguagem culta é um fantasma
Antes de entrar-se no exame do problema do empobrecimento cada vez mais acentuado da linguagem dos jovens, é preciso estabelecer que em qualquer idioma há vários níveis de expressão e comunicação: popular, coloquial, culto, profissional, grupal, etc. As diferenças entre esses níveis são evidentes, por isso facilmente demarcáveis.
Assim, as dificuldades do jovem não estão, a rigor, na sua incapacidade de expressar-se. No seu grupo – e aí é que vive a maior parte de seu tempo – certamente ele não sente o menor embaraço para dizer o que quer e entender o que os amigos lhe falam. A comunicação se faz à perfeição, sem quaisquer ruídos: “Sábado vou dar um rolé lá, valeu, mano?” E a resposta vem logo, curta e precisa: “Falô! Vê se leva o Beto junto. Faz tempo que ele não pinta lá”.
Esse é o nível de sua linguagem grupal. Um nível meio galhofeiro e rico de tons que ele domina galhardamente. Está como um peixe dentro de seu elemento natural. Movimenta- se com segurança e muito consciente de sua capacidade expressional.
As dificuldades que experimenta – e que o fazem inseguro e frustrado – estão na aprendizagem da língua “ensinada” na escola. A língua culta representa para ele um obstáculo intransponível, uma coisa estranha que o assusta e deprime. E é fato compreensível. Para o jovem, habituado à fala grupal, à gíria, ao jargão de seus companheiros de idade e de interesses, a norma culta surge como um fantasma, um anacronismo com o qual não consegue estabelecer uma convivência amistosa. Se passa 23 horas e 10 minutos a dizer “tu viu”, “eu vi ela”, “me dá uma caneta”, “as redação”, como irá, nos 50 minutos de aula de português, alterar todo o comportamento linguístico e aceitar sem relutância que o certo é “tu viste”, “eu a vi”, “dei-me uma caneta”, “as redações”?
A força coercitiva da escola é pouca para opor-se à avalanche que vem de fora. É, pensando bem, quase uma violência que se comete contra a espontaneidade da linguagem dos jovens, principalmente quando o professor não é suficientemente esclarecido para dar-lhes a informação tranquilizadora de que todos os níveis de linguagem são legítimos, desde que inseridos em contexto sociocultural próprio. Explicar-lhes, enfim, por que a escola trabalha preferencialmente com o nível linguístico da norma culta.
Isso os tiraria da situação constrangedora em que se acham metidos e que se manifesta mais ou menos assim: “Não sei como é que eu não consigo aprender português!”

VIANA, Lourival. Quando a linguagem culta é um fantasma. Correio
do Povo, 07/08/83 (adaptado).
1.                  Pela leitura do texto, é correto concluir que o autor: (0,5)
a)                  aponta as razões para o empobrecimento vocabular que caracteriza os jovens de hoje.
b)                  defende a legitimidade da fala dos jovens como instrumento de comunicação utilizado em seu grupo.
b)      critica o modo como os jovens falam entre si.
c)      justifica de modo positivo a coerção que a escola exerce sobre a fala espontânea dos estudantes.
2.                  Segundo o autor, o que caracteriza a linguagem dos jovens? (Resposta no verso) (0,5)

3.                  Conforme a conclusão do texto, quando um dos níveis de linguagem é considerado legítimo? (0,5)
a) Um dos níveis de linguagem é considerado legítimo quando há uma força coerciva da escola para o aprendizado da linguagem culta.
b) A legitimidade de um nível de linguagem depende da situação comunicativa o qual o indivíduo está inserido.
c) Só é considerada legítima a linguagem culta, em qualquer contexto sociocultural.
d) O único nível de linguagem legítimo é a linguagem coloquial, pois representa a fala do cotidiano.

4.                  Considerando as diferenças entre a linguagem coloquial e a linguagem culta, indique a opção que representa uma inadequação da linguagem usada à situação comunicativa. (0,5)
a)                  “As diferenças entre a linguagem coloquial e a culta são evidentes, por isso facilmente demarcáveis.” – um professor falando para seus alunos em uma aula de Português.
b)                 “E ai véi, vai dar um rolé hoje?” – um garoto conversando com um amigo na rua.
c)                  “Não sei como é que eu não consigo aprender português!” – um filho falando para o pai.
d)                 “Pô, cara! Tô precisando mesmo desse emprego. Falô? Dá uma chance aí.” – candidato a emprego falando com o diretor da empresa.
e)                  “Para o jovem, habituado à fala grupal, à gíria, ao jargão de seus companheiros de idade e de interesses, a norma culta surge como um fantasma.” – Um professor em um congresso.

TEXTO 02
Paulo, João e Renata estão conversando no bar de sua escola, onde costumam se encontrar, após a aula, para um “bate-papo”. Paulo, ao ouvir de João e Renata frases como: “Ele trouxe os convites para mim entregar.”, “Tu foi na festa da Alice?”, “Não vi ela nos últimos dias”, procura logo corrigi-los, afirmando que eles deveriam ter dito: “Ele trouxe os convites para eu entregar.”, “Tu foste à festa de Alice?”, “Não a vi nos últimos dias.”

5.                  Produção textual – Considerando a situação descrita acima, questiona-se: O que você pensa da atitude de Paulo? E das falas de João e Renata? Qualquer que seja sua resposta, fundamente sua opinião com argumentos lógicos e consistentes. (Respostas no verso) (1,0)

6.                  Em quais desses meios de comunicação é predominante a linguagem não-verbal? (0,5)
a)                  cores das bandeiras e dos semáforos, discursos políticos e televisão.
b)                 sinais de trânsito, televisão, apitos em um protesto e pintura.
c)                  cantigas infantis, discursos políticos, pintura e semáforos.
d)                 internet, charge, televisão, pintura e o primeiro texto dessa avaliação.
e)                  apitos em um protesto, cores dos semáforos, sinais de trânsito e a letra de uma música.
TEXTO 03
Aula de português



A linguagem
na ponta da língua,
tão fácil de falar
e de entender.
A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que ela quer dizer?



Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, equipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, seqüestram-me.
Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a prima.
O português são dois; o outro, mistério.


Carlos Drummond de Andrade

7.                  Com relação ao texto, pode-se afirmar que: (0,5)
a)      as estrofes 1 e 4 referem-se à linguagem padrão, exclusivamente da gramática.
b)      as estrofes 2 e 3 referem-se à linguagem coloquial.
c)      a palavra “esquipáticas” na terceira estrofe refere-se à linguagem coloquial, por ela ser esquisita e antipática.
d)     A expressão "amazonas de minha ignorância" é utilizada para exprimir a dimensão exagerada de desconhecimento do eu poético.

TEXTO 04
Vício na fala




Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados


Oswald de Andrade

8.                  O autor está censurando, isto é, criticando as pessoas a quem ele se refere ou revela respeito por elas? Justifique. (Resposta no verso) (0,5)

9.                  Qual dos quatro textos acima apresenta a linguagem não literária? Explique. (Resposta no verso) (0,5)
Boa sorte!!!!!

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